terça-feira, 8 de novembro de 2022

Sistema Nacional de Educação

 

Demarval Saviani começa seu artigo sobre o tema classificando os sistemas educacionais como “resultado da educação sistematizada”. Essa sistematização, porém, aparece como algo mais simplório do que o real conceito de sistema propõe. Isso porque a ideia de sistema passou a ser comercializada por diferentes empresas do ramo educacional como uma espécie de “identidade”, uma identificação do método adotado e/ou desenvolvido. Ao contrário desse critério, Saviani aponta o conceito de sistema como “unidade da diversidade, um todo que articula uma variedade de elementos que, ao se integrarem ao todo, nem por isso perdem a própria identidade” (SAVIANI).


Nesse sentido, surge a ideia de Sistema Nacional de Educação, uma proposta na qual cada unidade federativa apresenta certa autonomia no que diz respeito a planejamento e adequação de necessidades e demandas, mas reguladas pela União, formando “um sistema de educação pleno, obviamente público, inteiramente autônomo, com normas próprias que obrigam todos os seus integrantes em todo o território nacional” (SAVIANI).

Saviani demonstra, ainda, grande preocupação no que diz respeito a implantação de um modelo equivocado de Sistema nacional de Educação, da maneira como foi apresentada e justificada pela Conferência Nacional de Educação (CONAE). O documento fala em “sistema articulado”, quando, na verdade, tal expressão não passaria de redundância, uma vez que é impossível que haja um sistema desarticulado. Porém, quando se fala em articular os sistemas estaduais e municipais já viventes, a ideia de um sistema nacional perde efeito, já que o mesmo não funcionaria como norteador de todos os outros, mas como um articulador dos mesmos, ou seja, assumiria uma postura de sugestão e não de modelo a ser obrigatoriamente adotado e adaptado a partir disso.

A questão se torna ainda mais inquietante quando são consideradas as disputas partidárias dentro dos municípios, onde raramente um governo dá continuidade a uma política pública iniciada pelo governo anterior, seja ela de sucesso ou não, de qualidade ou não, de resultado ou não. A ausência de uma regulação federal torna as disputas partidárias uma prioridade para os governos municipais, impossibilitando o avanço de políticas públicas de longo prazo. Fica claro todos nós, por conseguinte, o não entendimento de que a educação é uma responsabilidade do Estado, não de governos, dificultando ainda mais a implementação de um sistema que atenda verdadeiramente às necessidades da educação brasileira.

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