quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Sobre cotas

 
Acredito que esse vídeo dispensa meus comentários. Argumentação perfeita.

Abraço carinhoso a todos,
Henrique Pontes

Um comentário:

  1. Universidade Federal Fluminense / Faculdade de Educação
    Professor: Nicholas Davies / Política Educacional no Brasil
    Aluna: Raquel Eduarda Souto Claudino / Manhã
    Questão: Faça dois argumentos contrários e dois favoráveis à política de cotas. Dê sua opinião.

    Posso começar com a questão da política anti-cotas, mostrá-la como uma política anti-racista que assume a partir do princípio iluminista, a igualdade jurídica e política do cidadão. Dizer que o vestibular é uma instituição democrática, pois não leva em consideração a raça, o sexo ou a história escolar do candidato. Afirmar ainda que a dificuldade de acesso dos negros e da população pobre não é gerada pelo vestibular, porque ele somente reflete a desigualdade acumulada por essa parcela da população ao longo de sua história escolar. Concluir, escrevendo que o principal caminho para o combate à exclusão social é a construção de serviços públicos universais de qualidade. No caso da educação, as políticas devem ser centradas na promoção de uma escola básica de qualidade. Isso porque os estudantes que não conseguem acessar o ensino superior, por meio do vestibular, encontram-se com defasagem no nível de escolarização recebida em relação àqueles que podem custear seu ensino, antes de ingressar na Universidade.
    Não direi isso. Simplesmente não concordo com a política anti-cotas, pois desde sempre a identidade nacional é construída através de um mito de igualdade, de democracia racial, é como se, no mundo das idéias, vivêssemos numa nação na qual todas as “raças” vivessem em harmonia, sem conflitos ou sem exclusões/segregações.
    Foi a constatação da extrema exclusão dos jovens negros e indígenas das universidades que impulsionou a atual luta pelas cotas. Trata-se de uma resposta do Estado brasileiro aos instrumentos jurídicos internacionais a que aderiu, como o Plano de Ação de Durban , que corrobora a adoção de ações afirmativas como mecanismo importante na construção da igualdade racial. Os mecanismos de exclusão racial embutidos no universalismo do Estado brasileiro, incluídas aí as formas de acesso à universidade, levarão o país a atravessar todo o século 21 como um dos sistemas universitários mais segregados do planeta; étnica e racialmente. Se essa situação perdurar, estaremos condenando mais uma geração inteira de jovens estudantes negros a ficar fora das universidades. Não é apenas a igualdade legal que vai garantir as diferenças entre negros e índios no Brasil. É necessária a existência de políticas afirmativas baseadas no princípio da igualdade proporcional. Ou seja, não dá para tratar igualmente os desiguais. A igualdade universal dentro do Brasil não é um princípio vazio, e sim uma meta a ser alcançada. Para que as universidades públicas cumpram sua função, em uma sociedade multiétnica e multirracial, é necessário que ela reflita na composição de sua comunidade as porcentagens de brancos, negros e indígenas do país.
    Um dos argumentos muito usados pelos anti-cotas, é a questão da evasão dos cotistas, porém estudos permitem afirmar que o rendimento acadêmico dos cotistas é, em geral, igual ou superior ao rendimento dos alunos que entraram pelo sistema universal nas universidades. Tais indicadores desacreditam a idéia de que as universidades, ao adotarem as cotas, teriam rendimentos inferiores.
    Vejo as cotas como uma política pública que visa oferecer acesso a uma população que, por questões sociais e históricas, não ocupa determinados espaços. As cotas possuem um papel que vai além do ingresso de uma parte específica da população. Com ela, o debate sobre a questão racial no Brasil se fez presente. Questiona a diversidade dentro das instituições de ensino, fundamentais para os indivíduos. Nos faz refletir sobre o passado escravo e suas heranças, nos faz repensar antigos preconceitos e estereótipos, o que incomoda e torna a questão polêmica, mas não menos necessária.

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